7.12.08

91. Maracanazo Caipira

Não deve ter torneio mais enfeitiçado que a tal Copa Paulista -- ex-Copa Federação Paulista. Já foi motivo do post 1 deste blog. E permanece fazendo história. Se a final de 2007 foi emocionante -- decidida literalmente no último minuto --, a final de 2008 foi potencializada na categoria cardíaca (vídeo 10min). Diante de 20 mil torcedores. E eu pela Rede Vida, ao contrário de 2007, quando estive na Javari.
Deu Atlético Sorocaba. Injustamente, como muitas histórias do futebol. Eu era XV. Por tudo. Porque Piracicaba deve ter o maior porcentual de palmeirenses do interior paulista. Também porque o XV tem das mais fanáticas e orgulhosas torcidas do interior do estado. E que vai a campo. Ou porque o time tem história. Com 95 anos, é mais velho que Palmeiras e Tricolixo, por exemplo. Sua galeria de troféus traz 4 taças da Segundona (1947, 1948, 1966 e 1983) e uma Série C nacional (1995).
Vencer a Copa Paulista não seria apenas dar um título profissional ao clube após 13 anos, mas devolver o XV ao espaço nacional -- a equipe está na terceira divisão estadual. Com o título, o alvinegro jogaria a Copa do Brasil 2009.
Chegou à final com melhor campanha que o Atlético (15 vitórias, 7 empates, 3 derrotas, 46 gols prós e 28 contra). Em Sorocaba, empatou a partida de ida, 1 a 1. Jogava por um empate em casa.

Dia 29 de novembro, começo de noite, o Barão de Serra Negra (foto acima) -- mais belo nome de estádio que conheço -- ferveu: 19.875 pessoas (18 mil pagantes). Tem muito estadual aí que não teve esse público em jogo algum. No 1º tempo, Atlético 1 a 0, mas o XV empata. No começo do 2º, o XV vira. Precisaria tomar dois gols para perder o título. Tomou. Foi um maracanazo. Um maracanazo caipira. Se contra o Uruguai o Brasil marcou 1 a 0 aos 2, aqui o XV marcou aos 7. Como perderia o título? Não tem explicação. Apenas perdeu.
Pode-se dizer que começou a perder com a expulsão de Natanael logo após o 2 a 1. Mas tendo a dizer que perderia em qualquer situação. Por quê? Porque estava escrito que perderia.
Levou o gol de empate aos 29 do 2º tempo. E quando o fim estava a segundos, aos 48, num cruzamento modelo inglês -- bicão para a área -- Luizão erra o sem-pulo. Sim, erra. Se acertasse, a bola sairia do estádio. Mas ele erra, a bola toca a lateral interna da chuteira, vai pro chão, bate e sobe. Sobe, lenta, lenta mesmo, quase filhadaputamente, e o goleirão do XV já havia partido em direção ao ângulo, num salto para alcançar uma bola que não apareceria. Como ir ao encontro marcado de uma mulher que não avisou que não chegaria. E a bola entra. Caraca. Fiquei com dó. Festa amarela e vermelha. Dor daquelas doídas em Piracicaba. Derrota para transformar meninos em homens.
Valeu, XV!
***
Não conheço versão mais bizarra de um hino de futebol que a do XV na versão popular (ou caipira). Tem umas 3 versões na internet, a em áudio do site oficial é a seguinte:
*
Cárchara de fórfe
Cúspere de grilo
Bícaro de pato
Gol!
XV, cra-cra-cra!
XV, cra-cra-cra!
*
Asara de barata
Nhéque de porteira
Já que tá que fique
Gol!
XV, cra-cra-cra!
XV, cra-cra-cra!
*
Veio numa kombi véia
Sem óio de bréque
Di óclu de raibã
Gol!
XV, cra-cra-cra!
XV, cra-cra-cra!
*
Carcanhá de bode
Tocera de grama
Já que tá que fique
Gol!
XV, cra-cra-cra!
XV, cra-cra-cra!

90. Brasileirão

Clique na imagem para ampliar a tabela final.
No que dará a suposta manipulação de resultados que envolve a final do Brasileirão 2008? Em gás, digo, em nada. É só mais uma estranheza, como o pênalti não marcado no Rodrigão (veja post 85), no jogo-chave contra o Vitória, no Morumbi, ou o terceiro amarelo para o único bom atacante do Goiás, o Iarley (contra o Flamengo, na penúltima rodada). Pior, para mim, foi a seqüência de erros do Brasileirão passado (veja post 70). Este ano a turma do bastidor nem precisou agir muito, ficou mesmo para a incompetência de Grêmio, Cruzeiro, Palmeiras e até mesmo Flamengo. Mas no que vai dar a suposta manipulação...? Em gás, em nada. Ou um jogo tão sob suspeita teria gol tão impedido validado de forma tão incompetente?
*
Ainda me indigna mais o passado. Alguém saberia me dizer por que Reinaldo, artilheiro e melhor atacante do Atlético-MG na época, foi impedido de disputar a final do Brasileirão 1977, em março do ano seguinte? Bem, sobre a final de 1986 não há dúvida de que haveria ali quantos erros fossem necessários... contra o Guarani, evidentemente. No ano passado, os erros foram mais cirúrgicos (post 70). Rancor de minha parte? Nada, o Santos foi campeão Mundial comprando juiz e tendo jogador dopado, segundo o próprio -- Almir Pernambuquinho. E olha que tinha Pelé, nem precisava. Futebol é poder. Você acredita em Papai Noel, na Justiça ou no futebol? Mas a gente ainda assim não vive sem eles...