27.4.08

49. Cronacas do futebol

Torero deu nome: Gardenal. Antero, Birner e Juca -- só para nominar os que mais ou menos acompanho e mais respeito -- concordaram: foi o torcedor maluco. Claro. Isso não tem a ver com o que eles pensam e escrevem (provavelmente, nenhum dos quatro pisa naquele vestiário do Parque Antárctica faz anos). Isso tem a ver com o fraco jornalismo praticado no futebol (lugar em que a imprensa costuma ser quase nada investigativa). "Não posso crer que foi coisa de uma diretoria ou de outra" foi o discurso predominante deles, logo, foi coisa de torcedor aloprado. Sim, a culpa é nossa, do zé mané das arquibancadas. Nem estou dizendo que não seja, mas se você não tem talento, tempo ou condições de apurar, deveria ser condicional mesmo nas opiniões. Até porque o comentário fica capcioso: se foi um "torcedor", ali ficou a torcida do Palmeiras, logo é provável que seja um palmeirense e a culpa pelo incidente é do Palmeiras. Em outras palavras, dizer que foi o torcedor comum é dizer que foi o Palmeiras. E todo palmeirense, no íntimo, imagina que aquilo foi armado pelo SPFC. Certo está o Giorgetti no Estadão de domingo. Acho que fala melhor de futebol quem trata da vida, não quem trata do futebol.

22.4.08

48. Técnicos e táticas

Luxemburgo é um grande treinador? Com grandes jogadores em mãos, costuma ser -- mas mesmo o Real Madrid desmente essa tese. E Muricy? Ou Mano? Para o bem ou para o mal, estes dois ainda precisam ralar muito para virar Luxemburgo -- se é que buscam isso, devo admitir. O fato é que boa parte da imprensa esportiva não gosta de Luxemburgo, e deve ter seus motivos. Para quem está a distância, como eu, a análise fica mais fria. E mais isenta.
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Luxemburgo. A favor de Luxemburgo contam os títulos e a capacidade de mudar jogos taticamente. Também a capacidade de fazer aparecer jogadores não mais que bons ou medianos. No Palmeiras, até Marcos tem jogado melhor (leia-se saindo do gol com mais confiança e tentando sair jogando com mais qualdiade, porque embaixo das traves o cara não precisa aprender com ninguém). Mais que isso: Luxemburgo está reinventando o futebol sem dois (ou três) volantes marcadores. E só por isso merecia ser elogiado. O Palmeiras tem Pierre-Leo Lima-Diego Souza-Valdívia no meio, e destes só Pierre sabe marcar. Quando entra Martinez, o time melhora a marcação, mas continua tendo um volante que sai para o jogo.
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Muricy. Mesmo tendo em mãos o melhor time do país por dois anos seguidos, conseguiu 'apenas' o bi Brasileiro. Talvez demore a se repetir duas temporadas em que um time é tão mais forte que os demais, e Muricy não aproveitou a boa fase. Pior, fez um time bom (e não mais que isso, que era o SPFC de 2007) piorar. Com pouca coisa: tirando Richarlyson do meio, onde jogava com liberdade, para transformá-lo em lateral preocupado antes de mais nada em defender. Com isso, entregou nas mãos apenas de Hernanes o trabalho criativo. E o que era uma dupla de criação (Richarlyson-Hernanes) virou um amontoado de volantes defensivos sem capacidade criativa (Fábio Santos, Zé Luiz, etcetcetc), sobrecarregando a defesa. O SPFC consegue sofrer para ganhar de nulidades sul-americanas do porte de Sportivo Luqueño e Audax Italiano.
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Mano. Ainda não consigo comprar Mano Menezes pelo preço que medalhões da cronaca esportiva tentam vendê-lo. Ele surgiu no XV de Campo Bom, terceiro colocado na Copa do Brasil 2004. Deixou de ir às finais depois de vencer o Santo André no Brunão por 4 a 3 e perder a vaga no Olímpico, ao tomar uma virada de 3 a 1. Jogo em que podia perder por 1 a 0, 2 a 1 ou 3 a 2 que se classificaria. Daí foi para o Grêmio e fez o tricolor gaúcho subir. Sabem como, né? Na tal Batalha dos Aflitos, a "maior vitória" do time do Sul, mas na frieza dos fatos está mais para a "maior derrota" de um time de futebol jogando em casa, que foi aquele frágil Náutico. Na seqüência, venceu um Gauchão. É, só não se esqueçam que levou 3 a 0 na primeira partida final do Caxias. Depois reverteu, é verdade, mas levar 3 do Caxias não é lá façanha de um estrategista. Aí colocou o Grêmio na final da Libertadores, mais por demérito de Muricy (eliminado com o SPFC) e de uma falha do Adailton, no segundo gol contra o Santos, que deixou o Grêmio podendo perder por dois gols na partida de volta, na Vila Belmiro. Tanto que perdeu (3 a 1) e chegou à final. E aí... bem, 3 a 0 e 2 a 0 do Boca (total de 5 a 0). Trata-se um técnico ruim? Claro que não, mas não é mais que Caio Jr, apesar de maior que Geninhos da vida. Só não chegou aonde dizem que já chegou. O C* vai pagar para ver.
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Há 18 anos, entrevistei Luxemburgo, à época no Bragantino. Ele já enxergava o futebol à frente da maioria das pessoas que está no futebol.

21.4.08

47. Palestra, Gol de El Mago Valdívia

1. Ceni será suspenso pelo que fez em Valdívia? Deveria. Não pela intensidade, mas pelo gesto.
2. O Palmeiras, depois de oito anos, voltou a ser forte. E bem melhor que o SPFC.
3. Jogada-chave. Palmeiras levando sufoco, escanteio cobrado pela esquerda, Valdívia afasta no primeiro pau e dispara ao ataque, alguém tira de cabeça da entrada da área (creio que foi Leo Lima), Lenny recebe, se livra de um e toca a Wendel que se livra de outro, avança e devolve a quem? A Valdívia, que havia iniciado o contra-ataque lá na cobrança de escanteio. Gol de jogador inteligente, de um time bem armado. Gol da classificação às finais. Valdívia é craque? Ainda não, pode vir a ser, mas é hoje quem mais pode definir um jogo no Brasil.
4. Sempre achei Marcão meio tímido para sair do gol e apenas mediano para sair jogando. Algo aconteceu depois do jogo de domingo retrasado, quando o Palmeiras perdeu por 2 a 1 do SPFC. Ontem ele saiu todas, e ainda fez o que melhor faz: pegar tudo embaixo das traves. E nisso havia também o dedo de Luxemburgo.

14.4.08

46. Assim é fácil ganhar jogo decisivo...

Palmeiras e SPFC disputaram 4 confrontos decisivos nos anos 2000. O quinto terminará nesta semifinal de domingo no Palestra. Venceu um. E foi roubado em quatro. Assim é difícil...

1. Deu Palmeiras no Rio-São Paulo, num 4 a 2 (aquele em que Alex dá chapéu num beque e um lençol no Ceni);
2. Deu SPFC, na Libertadores 2005, quando no segundo jogo o Sálvio errou. Na Folha, cuja cobertura é bem amistosa ao time do Jardim Leonor: "Correa se livrou de Mineiro e foi atingido pelo volante são-paulino na risca da área. O árbitro não deu o pênalti" -- o jogo estava 0 a 0 e o SPFC tinha um jogador a menos;
3. Deu SPFC, na Libertadores 2006, quando no segundo jogo o Wilson Souza de Mendonça errou. Na Folha: "Não deu um pênalti de Fabão em Washington no primeiro tempo"; a essa altura, o jogo estava 0 a 0. No segundo tempo, o gol do SPFC saiu de uma bola que bateu no juiz e matou um contra-ataque palmeirense;
4. Deu SPFC, no Brasileirão 2007, quando o Djalma Beltrami anulou gol legítimo do Max;
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E como comentarista é condescendente quando o erro é feminino!

8.4.08

45. Morumbi

1. O Morumbi não é neutro.
2. Quem projetou o Morumbi (Vilanova Artigas) devia odiar futebol, porque a visibilidade é péssima para quem está na arquibancada -- o melhor lugar para se estar num jogo de futebol -- e há pontos cego.
3. Morumbi é bom para quem está acostumado a ver jogo no sofá, pois a visibilidade é a mesma que se tem da telinha.
4. Sair do Morumbi, com o sistema de transporte hoje existente, é uma droga. No Parque Antárctica há uma oferta infinitamente superior de transporte público à volta. Vou de carro, pago pelo menos 20 reais, e ainda assim sou obrigado a ficar preso na Giovanni Gronchi ou na Francisco Morato. Só quem chega com carro da firma e pára dentro do estádio acha aquilo ali bom lugar.
5. Nos dois Palmeiras e SPFC pela Libertadores (2005 e 2006), no Palestra Itália, não houve confusão. Por quê? Porque a Polícia não deixou. No último Palmeiras e C* (no Morumbi) a PM isolou a torcida do Palmeiras que queria/precisava sair pela Jorge João Saad por 45 minutos depois do fim da partida. E ainda assim houve confronto. Ah, duas bombas jogadas pela torcida corintiana explodiram na arquibancada superior do Palmeiras. Ninguém se feriu.
6. O ideal seria um jogo no Morumbi só com a torcida do SPFC e outro no Parque Antárctica só para palmeirenses. Rola assim na Argentina nos jogos Boca e River.

7.4.08

44. Sálvio não dá

Se Sálvio Spínola apitar um dos clássicos das semifinais do Paulistão, o Palmeiras ficará fora das finais. Ele já operou o Palmeiras na Libertadores 2005 (contra o mesmo SPFC) -- e neste ano tem o agravante de ter sido atacado pela diretoria tricolor.

43. Diego

Diego Cavalieri é mais goleiro que Marcos, mas é reserva de Marcos. Pode até perder dinheiro com isso, numa possível e provável transferência para o exterior. Mas foi quem mais festerjou o pênalti defendido pelo titular do Palmeiras contra o Barueri, domingo.