22.4.08

48. Técnicos e táticas

Luxemburgo é um grande treinador? Com grandes jogadores em mãos, costuma ser -- mas mesmo o Real Madrid desmente essa tese. E Muricy? Ou Mano? Para o bem ou para o mal, estes dois ainda precisam ralar muito para virar Luxemburgo -- se é que buscam isso, devo admitir. O fato é que boa parte da imprensa esportiva não gosta de Luxemburgo, e deve ter seus motivos. Para quem está a distância, como eu, a análise fica mais fria. E mais isenta.
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Luxemburgo. A favor de Luxemburgo contam os títulos e a capacidade de mudar jogos taticamente. Também a capacidade de fazer aparecer jogadores não mais que bons ou medianos. No Palmeiras, até Marcos tem jogado melhor (leia-se saindo do gol com mais confiança e tentando sair jogando com mais qualdiade, porque embaixo das traves o cara não precisa aprender com ninguém). Mais que isso: Luxemburgo está reinventando o futebol sem dois (ou três) volantes marcadores. E só por isso merecia ser elogiado. O Palmeiras tem Pierre-Leo Lima-Diego Souza-Valdívia no meio, e destes só Pierre sabe marcar. Quando entra Martinez, o time melhora a marcação, mas continua tendo um volante que sai para o jogo.
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Muricy. Mesmo tendo em mãos o melhor time do país por dois anos seguidos, conseguiu 'apenas' o bi Brasileiro. Talvez demore a se repetir duas temporadas em que um time é tão mais forte que os demais, e Muricy não aproveitou a boa fase. Pior, fez um time bom (e não mais que isso, que era o SPFC de 2007) piorar. Com pouca coisa: tirando Richarlyson do meio, onde jogava com liberdade, para transformá-lo em lateral preocupado antes de mais nada em defender. Com isso, entregou nas mãos apenas de Hernanes o trabalho criativo. E o que era uma dupla de criação (Richarlyson-Hernanes) virou um amontoado de volantes defensivos sem capacidade criativa (Fábio Santos, Zé Luiz, etcetcetc), sobrecarregando a defesa. O SPFC consegue sofrer para ganhar de nulidades sul-americanas do porte de Sportivo Luqueño e Audax Italiano.
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Mano. Ainda não consigo comprar Mano Menezes pelo preço que medalhões da cronaca esportiva tentam vendê-lo. Ele surgiu no XV de Campo Bom, terceiro colocado na Copa do Brasil 2004. Deixou de ir às finais depois de vencer o Santo André no Brunão por 4 a 3 e perder a vaga no Olímpico, ao tomar uma virada de 3 a 1. Jogo em que podia perder por 1 a 0, 2 a 1 ou 3 a 2 que se classificaria. Daí foi para o Grêmio e fez o tricolor gaúcho subir. Sabem como, né? Na tal Batalha dos Aflitos, a "maior vitória" do time do Sul, mas na frieza dos fatos está mais para a "maior derrota" de um time de futebol jogando em casa, que foi aquele frágil Náutico. Na seqüência, venceu um Gauchão. É, só não se esqueçam que levou 3 a 0 na primeira partida final do Caxias. Depois reverteu, é verdade, mas levar 3 do Caxias não é lá façanha de um estrategista. Aí colocou o Grêmio na final da Libertadores, mais por demérito de Muricy (eliminado com o SPFC) e de uma falha do Adailton, no segundo gol contra o Santos, que deixou o Grêmio podendo perder por dois gols na partida de volta, na Vila Belmiro. Tanto que perdeu (3 a 1) e chegou à final. E aí... bem, 3 a 0 e 2 a 0 do Boca (total de 5 a 0). Trata-se um técnico ruim? Claro que não, mas não é mais que Caio Jr, apesar de maior que Geninhos da vida. Só não chegou aonde dizem que já chegou. O C* vai pagar para ver.
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Há 18 anos, entrevistei Luxemburgo, à época no Bragantino. Ele já enxergava o futebol à frente da maioria das pessoas que está no futebol.

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