3.1.08

23. Carrizo (56º lugar)

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Carrizo, 56º lugar *vídeo* (12.5.1926)
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"O Professor Aloprado"

Muitos o definiram como louco. Mas todos reconheciam que ele era um dos melhores, provavelmente, o melhor. Por 23 anos, Amadeo Carrizo jogou no gol do River Plate, time em que chegou menino, para treinar nas categorias amadoras. Foi sete vezes campeão nacional, jogou a Copa do Mundo de 1958.
Carrizo foi o melhor porque, além da segurança que passava ao defender, ele quebrou uma regra sagrada na posição: a de que lugar de goleiro era debaixo das traves. Carrizo não concordava. “Meu local de trabalho não é apenas a área pequena, mas a grande também”, dizia. O ídolo do River Plate foi também o primeiro arqueiro a sair jogando, a driblar fora da área, a funcionar como líbero de sua defesa. E isso nos anos 40!
Figura imponente em campo (1,90 m e 90 kg) e personalista, ele introduziu as luvas. Quando elas viraram peça comum do vestuário do goleiro, apareceu com um gorro de lã na cabeça e foi novamente imitado. Para muitos, isso ofuscava seu talento, imenso. Quem atuou ao seu lado pouco ligava. “Teria feito mais gols se Carrizo jogasse comigo na Europa”, afirmou o grande Alfredo di Stefano, referindo-se aos lançamentos que o argentino fazia com as mãos.
A enorme segurança começou a aparecer logo na estréia, aos 17 anos, num clássico entre River e Independiente na casa adversária. O River venceu por 2 x 1, mas a posição de titular só seria confirmada três anos depois. A partir daí, foram 20 anos seguidos e 521 partidas sem dar chance a ninguém. Nesse período todo, apenas um jogador marcou dez gols nele: Ricardo Infante (ex-Estudiantes e Huracán). Não por acaso foi eleito pela Federação Internacional de Futebol, História e Estatística como o goleiro do século. Carrizo foi um revolucionário.
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Longe da Seleção. Mundial de 58, na Suécia, Carrizo era o titular da Seleção que foi massacrada pela Tchecoslováquia por 6 x 1. Na volta a Buenos Aires, os jogadores, mas especialmente Carrizo, foram recebidos com uma chuva de moedas. O goleiro – como sempre – era o principal acusado. Abalado, Carrizo abriu mão de inúmeras convocações nos dez anos seguintes. Ao todo, jogou apenas 20 partidas pela seleção de seu país.

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